Audiência Pública em Porto Velho discute Educação de Surdos

Hoje, 07/11/2011, foi realizada a Audiência Pública na Câmara Municipal de Porto Velho, que discutiu sobre a situação dos Surdos de Porto Velho, no que diz respeito à educação, trabalho, direitos, bem como sobre a falta de formação para os professores e intérpretes de Surdos. Foi a primeira vez que a Câmara Municipal discutiu sobre este assunto, que foi trazido para plenária pelo Vereador Bengala, que tem 2 filhos surdos.

A Sessão teve início às 17h, com o depoimento do Vereador Bengala, que falou sobre seus filhos surdos e como se sente responsável pelo destino de todos os surdos de Rondônia, que segundo o último senso, tem cerca de 8 mil pessoas com Surdez/Deficiência Auditiva. A Presidente da APPIS – Associação de Professores, Parentes, Amigos e Intérpretes dos Surdos de Rondônia, Ariana Boaventura, fez um levantamento da situação dos Intérpretes e Professores que atuam com surdos. Falou da grande necessidade de investimento na formação inicial e continuada dos professores, para que possam atender com a qualidade que todos os alunos, surdos ou não, merecem.  Ariana considerou um absurdo a Prefeitura de Porto Velho, a exemplo do Governo do Estado anteriormente, oferecer apenas 01 (uma) vaga para Intérprete.

Será que Porto Velho só tem uma Sala de Aula com aluno surdo? Demorou tanto tempo para que este concurso se tornasse realidade, mas uma vaga apenas não irá resolver o problema da falta de Intérpretes. E o surdo? Quando é que o Governo e a Prefeitura irão contratar um Surdo? Quando terá concurso público para surdo? Para quem ainda não sabe, temos surdos com nível superior aqui em Porto Velho. Temos surdos que tem o Ensino Médio também. Então, por que não contratar surdo para ser Instrutor? Administrador? Professor?

A Presidente da Associação dos Surdos de Porto Velho, Indira Stedile, falou sobre sua luta por dignidade e mais respeito aos surdos. Falou que, apesar de ter nascido em Rondônia, precisou ir para Natal estudar, pois aqui, infelizmente, as oportunidades eram (e são até hoje), escassas. Falou de sua frustração em ver tantas promessas, tantas leis no papel, mas pouca coisa acontecendo na prática. Pediu mais empenho dos vereadores presentes, no que diz respeito às Políticas Públicas voltadas para a inclusão dos Surdos, não só na educação, mas no mercado de trabalho também. Falou sobre a importância da criação de Escolas Bilíngues para Surdos. Indira chegou a se emocionar e emocionar a todos os presentes, que em lágrimas, desabafou diante de uma plenária lotada de pessoas preocupadas com a causa. Momento marcante para todos nós, que vivenciamos na pele a exclusão que os surdos sofrem.

O Deputado Federal Mauro Nazif participou também da Audiência e falou que a partir de agora as coisas irão mudar, que proporá ao Congresso Nacional uma Audiência semelhante a que ocorreu hoje, um verdadeiro divisor de águas da educação dos surdos de Rondônia.

Alguns Vereadores, em suas falas, chegaram a pedir desculpas por tanta omissão diante da situação em que os surdos se encontram e prometeram mudar este contexto excludente e marginalizado com que os surdos, familiares, amigos, professores e intérpretes estão expostos.

Este momento foi muito importante para a comunidade surda, pessoas que não são surdas estavam lá, participando, apoiando os surdos. Mas, infelizmente, sentimos falta de muita gente. O Governo do Estado não mandou nenhum representante, nem o Ministério Público apareceu. Sentimos falta dos professores e dos familiares dos surdos, pois poucos foram à Audiência. Sentimos falta de pessoas que levantam a bandeira da causa dos surdos, mas nunca participam de eventos junto à comunidade surda. O Prefeito não estava, nem tão pouco o Governador. Suas presenças eram obrigatórias, já que tanto falam em melhorias na Educação de Rondônia. A Semed (Secretaria Municipal de Educação) se fez presente, através da Profª Conceição, da DIEES. 

Por fim, saímos de lá com a sensação de que Porto Velho finalmente começará a abrir os olhos para esta questão. Surdo precisa e quer trabalhar, estudar, fazer faculdade, ser professor, médico, dentista, jornalista. Surdo quer ser igual a mim, a você, porque somos todos iguais, apesar das diferenças. E no caso do surdo, a única diferença é a forma de comunicação. Surdo fala com as mãos, com os olhos, com o coração. E nós, falamos como?

Estão de parabéns os surdos e professores que vieram do interior e da capital, às Associações APPIS e ASPVH, os Vereadores de Porto Velho, por proporcionarem esta Audiência Pública, todos os amigos e parentes dos surdos. 

Sou Professora, trabalho na Sala de Recursos e sou aluna do Mestrado em Educação da Universidade Federal de Rondônia, representando assim, a Unir, já que minha pesquisa é sobre Educação de Surdos e Formação Docente. 

Nós, professores, queremos contribuir com a educação dos surdos, queremos ajudar a abrir as portas do mundo para ele, assim como já fizemos com todos os médicos, juízes, dentistas, prefeitos e presidentes da vida à fora.  Mas queremos fazer isso de uma forma tranquila, consciente, com qualidade, sabendo o que estamos fazendo. E isso só se consegue com uma boa FORMAÇÃO. Esta é a minha luta, esta é a minha causa. 

Galera animada, as duas Associações (APPIS e ASPVH) unidas

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Minha mana Deniziane e a Júlia (Intérpretes)

Indira (Presidente da ASPVH) e Eu (APPIS e Unir)

As duas Presidentes: Ariana, de vestido preto (APPIS) E Indira 

(ASPVH)

Vereador Elizeu da Silva.