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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Escolas Bilíngues para Surdos: o que temos a ver com isso?

A Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – FENEIS, através da Associação dos Surdos de Porto Velho – ASPVH e a Associação dos Professores, Parentes, Intérpretes e Amigos dos Surdos de Rondônia – APPIS promoveram o 1º Seminário Estadual em Defesa das Escolas Bilíngues para Surdos. O evento foi realizado na Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia, no dia 23/09/2011.
Estavam presentes no Seminário, entre outros, o Deputado Estadual  Jean Oliveira, a Profª Sílvia Regina (NAEDI/SEDUC), a Profª Conceição (DIEES/SEMED), a Srª Dilma (Escola do Legislativo), representantes de alguns municípios, alunos surdos, parentes, professores e amigos dos surdos. O objetivo do Seminário foi discutir sobre a implantação das Escolas Bilíngues em todo o Estado de Rondônia. 
Mas, o que é uma escola bilíngue? Bom, a princípio é uma escola onde os alunos surdos terão a LIBRAS como primeira língua e a Língua Portuguesa como segunda língua, na modalidade escrita.Numa Escola Bilíngue o ideal é que o processo de letramento e alfabetização seja oferecido por um professor surdo, por ser este o detentor da língua de sinais. 
No Seminário foi apresentado um vídeo produzido pela FENEIS onde professores ouvintes e surdos defenderam a Escola Bilíngue. Entre os professores podemos citar Gladis Perlin, Surda, Mestre e Doutora em Educação (UFSC),  Marianne Stumpf, Surda, Doutora em Informática na Educação (UFSC) e Fernando  Capovilla, Professor da USP e Ph.D. em Psicologia.  
A Presidente da ASPVH, Indira Stedile, e a Presidente da APPIS, Ariana Boaventura, apresentaram o vídeo da participação de Rondônia no movimento realizado em Brasília no mês de maio. O vídeo emocionou a todos, pois mostrou a brilhante defesa em prol da escola bilíngue pela Indira, pois, chorando e com muita determinação, perguntou aos parlamentares de Brasília onde estavam os recursos que, conforme eles disseram, foram enviados para Rondônia.
De fato, quase não se veem, com relação a políticas públicas, ações voltadas para o cumprimento da Legislação no que diz respeito à inclusão de surdos. Não há investimento, embora se saiba que existem recursos financeiros para isso, na formação de professores e de todos os profissionais que atuam com surdos.
 Não é só na escola que há a EXCLUSÃO dos surdos. A título de reflexão, onde é que os surdos são aceitos? Quem é que se preocupa com a formação moral, social, cultural ou educacional deles? Quem é que contrata surdos para trabalhar? A “culpa”, se é que se pode colocar assim, recai sempre nos ombros do professor. Mas eu pergunto, como é que um professor vai fazer um bom trabalho, por mais boa vontade e competência que tenha, quando, de uma hora para outra, recebe em sua sala um aluno surdo? É preciso lembrar que a maioria dos professores que atuam hoje em sala de aula não teve em sua formação o preparo para atender alunos surdos. O problema é da formação? Também, com certeza.
 Enquanto não se investir pesado na formação dos professores não poderemos, tão cedo, falar em qualidade na educação dos surdos ou de qualquer outro aluno seja ou não deficiente. É preciso também que haja mais coragem por parte de nós, educadores. Não podemos aceitar as coisas impostas desta maneira, por força de uma legislação. Pois a mesma legislação que diz que TODOS tem direito a uma educação de qualidade, diz também que é um direito do professor ter uma formação DE qualidade. É triste falar isso, mas é a realidade pura. Falo isso com a propriedade de quem trabalha numa escola pública. Vejo muitos professores inconformados, com razão, com a inclusão. Mas são poucos os que participam de movimentos, que buscam mais informação sobre o assunto, que procuram formação e que fazem política na educação.
Temos que pensar sobre os dois lados da moeda. Se a inclusão é um direito, e sei que muitos defendem esta ideia, assim como eu, então é direito também que isso ocorra para todos: alunos, professores, merendeiras, zeladores, diretores, familiares, enfim, todos os sujeitos envolvidos neste processo. 
O que temos a ver com isso? Tudo. Pois, vivendo num país que se diz democrático, fingir que o problema "não é comigo" não vai resolver. Se é para atender alunos surdos na escola,que seja com qualidade. É isso que os bons educadores querem para TODOS os seus alunos. 

 Por: Lene Reis 

2 comentários:

  1. Parabens LENE pelo artigo...muito bom!concordo com vc! realmente NAO se tem formação (especifica e nem de qualidade) e nem informação sobre esses alunos surdos..isso nao é so nas escolas a sociedade ainda desconhece esse "outro" ser, essa outra LINGUA que é nossa 2 lingua oficial brasileira... me parece que esses temas "inclusao" "acessibilidade" é modismos e outros ismos...me sinto angustiada com tanta falta de respeito com tanta falta de humanismo...pessoas que querem aparecer e nao sabem o que realmente sentem/vivencian tais pessoas...o que oferencem é uma inclusao p exclusao... é um muro dentro da escola! e a educação que oferecem é deficiente e nao eles! é sempre o ouvinte determinando o que os surdos podem ou nao, o que querem e o que é certo pra eles...sem que os mesmo se digam e que participem de tais discursoes...chega !!!!Eles tem o direito de participar e se dizer!!! o movimento surdo ta ai e o sitema vai ter que engolir, ouvir e ver!

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  2. Obrigada amiga, na verdade fiz um desabafo. Quando a gente começa a conhecer, discutir e entender o que está por trás da inclusão, a angústia é certa. Mas estamos aí, quero ser reconhecida como alguém que mexeu na ferida, cutucou até sangrar. A mudança é certa, por mais que nos traga tantas angústias. Conte sempre comigo. Bjs!

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